Arquitetura Brutalista: O que é, características e obras

Você provavelmente já ouviu falar do conceito de Arquitetura Brutalista, um estilo de arquitetura bastante peculiar. Neste artigo, vamos discutir sobre sua origem, seu contexto histórico e as características que estão associadas a esse estilo arquitetônico.

A arquitetura brutalista é um estilo arquitetônico que surgiu na década de 1950 e se popularizou nas décadas seguintes. Seu nome deriva do francês “beton brut”, que significa “concreto aparente”. É caracterizada pelo uso expressivo do concreto, pelas formas geométricas simples e pela falta de ornamentação.

Contexto Histórico da Arquitetura Brutalista

A arquitetura Brutalista teve origem na Grã-Bretanha em 1950, após a Segunda Guerra Mundial, quando houve a reconstrução das cidades. Devido à escassez de materiais e mão de obra desqualificada, surgiu esse estilo arquitetônico, que se tornou muito diferente dos outros.

Influenciados pelas ideias socialistas, os projetos brutais eram inicialmente utilizados em habitações sociais, pois eram construídos com baixo custo. No entanto, o arquiteto sueco Hans Asplund foi o primeiro a usar o termo “Nybrutalism” (Novo Brutalismo) em referência à “Villa Goth”, uma casa toda de tijolos em Uppsala, projetada por Lennart Holm e Bengt Edman em 1950.

Com o passar do tempo, a casa tornou-se uma referência central do brutalismo, pois suas características incluíam vigas expostas, tijolos aparentes e detalhes visíveis de encaixe de cada tábua.

O termo “Nybrutalism” foi adotado por vários arquitetos britânicos, como Oliver Cox, Graeme Shankland e Michael Ventris, durante uma visita ao centro de referência. A partir daí, o termo começou a se tornar conhecido em vários lugares até se tornar universal. Em 1953, o termo “Nybrutalism” foi mencionado pela primeira vez na edição da Architectural Design, por Alison Smithson, que descreveu como seria sua própria casa.

Exemplos de obras da Arquitetura Brutalista

Na década de 1950, o estilo brutalista teve seu início no Reino Unido, onde se pode encontrar exemplos pioneiros como a Escola Hunstanton dos Smithsons, construída em Norfolk em 1954, e a Casa Sugden, de 1955.

Outros exemplos notáveis ​​do estilo podem ser encontrados em todo o mundo, como a “Unité d’Habitation” do arquiteto Le Corbusier, construída em 1952 na França, e o “Palácio da Assembleia” de Le Corbusier, construído em 1953 em Chandigarh, na Índia.

O estilo brutalista tornou-se popular em vários países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Itália, Alemanha, Bulgária, Japão, Brasil e Filipinas, e foi utilizado em construções como institutos educacionais, bibliotecas, tribunais, prefeituras e shopping centers.

Algumas das obras mais conhecidas do estilo são a Prefeitura de Boston, projetada em 1968, que dividiu opiniões entre os críticos, e o Habitat 67, em Montreal, Canadá, projetado em 1967 pelo arquiteto israelense Moshe Safdie, que é famoso por sua estrutura colossal de 12 andares com blocos e terraços suspensos.

Definições do termo Brutalismo

O termo brutalismo, quando retirado do seu contexto histórico original, é utilizado para estigmatizar a arquitetura moderna de um determinado período, especialmente os edifícios modernos em concreto aparente que desagradam ao público em geral.

Um grupo de arquitetos de Boston propôs que a arquitetura brutalista fosse renomeada como arquitetura heroica. No entanto, os autores Michael Kubo, Mark Pasnik e Chris Grimley propõem uma revisão da historiografia e uma campanha de conscientização para a preservação dessa arquitetura, que se iniciou em 2009 com a exposição HEROIC: BOSTON CONCRETE 1957-1976 e foi continuada na publicação recente BRUTALISM / CLOG.

Os autores justificam a escolha de chamar a arquitetura brutalista de arquitetura heroica, explicando que o termo “heroico” refere-se aos atributos formais dos edifícios, bem como às atitudes dos arquitetos e das instituições que os criaram, e ressalta tanto as conotações positivas como negativas.

Diferentemente do termo “bruto”, que está associado a conotações negativas, “heroico” reconhece a complexidade desses edifícios e as intenções que lhes deram origem.

Há um consenso sobre o fato de que o termo brutalismo deriva do discurso de Le Corbusier em defesa do béton brut de decoffrage, que foi utilizado em larga escala no projeto e na construção da Unidade de Habitação de Marselha.

A arquitetura brutalista é caracterizada pela exposição franca e honesta dos materiais brutos, sem tratamento ou revestimento, como o concreto, tanto nos interiores como nos exteriores, a exibição e valorização da estrutura, bem como de elementos pré-moldados, como brises soleil, calhas e gárgulas, a plasticidade dos volumes e dos elementos estruturais, além da busca de certos “padrões rigorosos de conduta” e do “espírito revolucionário” que procura o verdadeiro sentido da relação entre arquitetura e sociedade.

A partir da conclusão da Unidade de Habitação de Marselha e das primeiras obras que escancaram o uso em grande escala do béton brut de decoffrage depois de 1952, durante o processo de apropriação dos princípios arquitetônicos ali enunciados, a componente “emoção” da equação original passou a ser deixada de lado, ao mesmo tempo em que foi reforçada a economia representada por um processo de construção que viabiliza a rapidez, a economia e a larga escala.

A compreensão de “bruto” como sinônimo de grosseiro e feio também foi reforçada na missão pela justa verdade, construtiva e política ideológica.

Arquitetos marcantes do estilo brutalista

Os maiores arquitetos do estilo brutalista foram:

  • Louis Kahn;
  • Le Corbusier;
  • Ernő Goldfinger;
  • Alison e Peter Smithson;
  • Alvar Aalto.

Características da arquitetura Brutalista

A arquitetura Brutalista apresenta simplicidade como característica principal, além de ter aparência inacabada. Cada construção é estruturada de forma a expor detalhes como concreto e vigas, deixando o ambiente com um aspecto cru e incompleto.

É comum em construções Brutalistas a utilização de materiais como concreto, vidro, madeira, tijolo, aço, pedra e outros.

O objetivo das construções Brutalistas era meramente prático e funcional, sem qualquer significado por trás dos detalhes. Não possuíam decoração ou acabamentos, sendo compostas apenas pela forma estrutural bruta.

Por essa razão, o Brutalismo não era considerado bonito em termos estéticos, uma vez que contrastava com estilos arquitetônicos que enfatizavam riqueza de detalhes, decorações, ornamentações e acabamentos.

Muitos países europeus tiveram que reconstruir cidades após a Segunda Guerra Mundial e, diante dessa necessidade, iniciaram um processo de desenvolvimento social e econômico, mas com recursos limitados. Para reduzir gastos, optaram por contratar mão de obra mais barata em vez de profissionais altamente qualificados no setor de construção civil. Além disso, compraram materiais de qualidade inferior e reduziram a quantidade de materiais utilizados para acabamento.

Arquitetura Brutalista no Brasil

A arquitetura brutalista começou a ser utilizada no Brasil em 1960, quando o Museu de Arte Moderna foi construído no Rio de Janeiro, tornando-se o primeiro edifício construído nesse estilo. Posteriormente, o estilo ganhou força e destaque com a Escola Paulista, liderada por João Vilanova Artigas, em São Paulo.

Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha se tornaram importantes adeptos da arquitetura brutalista no Brasil. Algumas das obras mais notáveis incluem o MASP e o SESC Pompeia, ambos projetados por Lina Bo Bardi, o MUMA, projetado por Marcos Prado, e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, projetada por Vilanova Artigas.

Assim como na Europa, a arquitetura brutalista brasileira utilizava materiais de forma funcional, sem acabamentos, apresentando um aspecto inacabado. A arquitetura brutalista foi um marco para muitos arquitetos em São Paulo que se desenvolveram nesse período.

É importante lembrar que a arquitetura brutalista surgiu em meio a uma situação política delicada no país, onde a construção de edifícios não era apenas uma questão estética, mas também uma militância política. Com o avanço da ditadura, muitos arquitetos se aproximaram do partido Comunista, e alguns professores foram afastados de seus cargos na USP, como Artigas e Paulo Mendes.

A Casa Brutalista, construída pelo arquiteto Ruy Ohtake como moradia e atelier para a artista plástica Tomie Ohtake, sua mãe, é talvez a referência mais marcante quando se pensa em brutalismo no Brasil. A fachada é marcada pelo concreto sinuoso, e o interior também é inteiramente revestido de concreto, incluindo os pisos e armários.

Perguntas Frequentes

Onde podemos encontrar exemplos de arquitetura brutalista?

Podemos encontrar exemplos de arquitetura brutalista em todo o mundo, especialmente em edifícios públicos, institucionais e residenciais. Alguns exemplos famosos incluem o Edifício Copan em São Paulo, o Barbican Centre em Londres e o Habitat 67 em Montreal.

Qual é o legado da arquitetura brutalista?

O legado da arquitetura brutalista é controverso, mas é inegável que ela teve um impacto significativo na história da arquitetura. Sua influência pode ser vista em muitas obras contemporâneas, e sua ênfase na funcionalidade e na estrutura continua a ser relevante para os arquitetos de hoje.

Como a arquitetura brutalista se relaciona com o ambiente urbano?

A arquitetura brutalista pode ser vista como um elemento disruptivo no ambiente urbano, devido ao seu tamanho e à sua falta de ornamentação. No entanto, alguns arquitetos acreditam que ela pode contribuir para a coesão social e para a identidade urbana.

Como a arquitetura brutalista lida com a questão da durabilidade e manutenção?

A arquitetura brutalista é frequentemente criticada por sua falta de durabilidade e pelos custos elevados de manutenção. No entanto, muitos arquitetos argumentam que isso se deve a falhas no projeto e construção, e que, com os cuidados adequados, os edifícios brutalistas podem durar por muitos anos.

Qual é a relação entre arquitetura brutalista e a ideologia política?

A arquitetura brutalista foi frequentemente associada a ideologias políticas de esquerda, devido ao seu uso em edifícios públicos e institucionais. No entanto, também foi utilizada em edifícios comerciais e residenciais, sem relação com qualquer ideologia política.

Como a arquitetura brutalista se relaciona com o movimento modernista?

A arquitetura brutalista é frequentemente vista como uma extensão do movimento modernista, devido à sua ênfase na funcionalidade e na estrutura

Como a arquitetura brutalista se relaciona com a arte contemporânea?

Alguns artistas contemporâneos se inspiram na arquitetura brutalista para suas obras, seja pela estética do concreto aparente e das formas geométricas, seja pelas reflexões sobre a relação entre o homem e o ambiente construído.

Quais são os desafios enfrentados na preservação de edifícios brutalistas?

A preservação de edifícios brutalistas enfrenta desafios como a falta de interesse do público, os altos custos de manutenção, a falta de reconhecimento de valor histórico e arquitetônico e a dificuldade em realizar reformas que respeitem as características originais do projeto.

Como a arquitetura brutalista se relaciona com a sustentabilidade?

Embora a arquitetura brutalista não tenha sido projetada com a sustentabilidade em mente, alguns de seus princípios, como o uso de materiais brutos e a ênfase na estrutura, são vistos como vantajosos em termos de sustentabilidade.

Qual é o papel dos arquitetos na preservação e renovação de edifícios brutalistas?

Os arquitetos têm um papel fundamental na preservação e renovação de edifícios brutalistas, pois são responsáveis por garantir que as intervenções respeitem as características originais do projeto e que sejam feitas com cuidado e respeito ao patrimônio arquitetônico.

Como a arquitetura brutalista se relaciona com a identidade nacional?

Em alguns países, a arquitetura brutalista é vista como um símbolo da identidade nacional, representando uma época de desenvolvimento econômico e modernização. Em outros lugares, ela é vista como uma herança do passado que deve ser superada.

Qual é o futuro da arquitetura brutalista?

Embora a popularidade da arquitetura brutalista tenha diminuído, ela continua a influenciar a arquitetura contemporânea. Alguns arquitetos estão explorando novas maneiras de utilizar o concreto aparente e as formas geométricas simples de maneira mais sustentável e adaptável às necessidades da sociedade atual.

Conclusão

Chegamos à conclusão de que a arquitetura brutalista surgiu em um momento político significativo e enfrentou desafios devido ao seu estilo não convencional (segundo a visão de muitos arquitetos da época). No entanto, a arquitetura brutalista perseverou em seu desenvolvimento e conquistou seu lugar no mercado da arquitetura.