Arquitetura Hostil: Tudo o que você precisa saber
Você já conhece a Arquitetura Hostil? Este termo, que se popularizou em 2014, é um tipo de design que tem o objetivo de restringir o acesso a determinados públicos, tendo estampado muitos jornais no começo deste ano, após a ação da prefeitura de São Paulo, ao colocar pedras sob um viaduto, com o intuito de afastar moradores de rua. Para saber mais sobre este tipo de arquitetura não tão aceita por algumas pessoas, continue conosco.
Arquitetura Hostil: O que é?
A arquitetura hostil é um conjunto de elementos urbanos, que tem o objetivo de afastar determinados tipos de pessoas, como: moradores de rua, artistas urbanos, skatistas ou simplesmente pombos. Utilizando bancos com divisórias, pedras colocadas sob viadutos e estacas colocadas nas fachadas de estabelecimentos, a arquitetura hostil vai muito além de um tipo de design.
A Arquitetura hostil é considerada como arquitetura anti-mendigo, isso porque utiliza elementos extras nos bancos, como divisórias ou outros componentes que podem causar incômodo ao se deitar, não sendo presente somente nos bancos de praças públicas, as interferências também podem ser encontradas embaixo de viadutos, para restringir o acesso de moradores da rua.
Com o aumento no número de skatistas, é comum vermos bancos ou outros locais que seriam possíveis andar de skate, com estacas de metal, isso para dificultar o uso desses lugares. Para afastar os pombos, também é utilizado o mesmo método, colocando espinhos e pontas de aço em locais que poderiam servir de ninho para essas aves.
Ao longo dos últimos anos vem ocorrendo alguns eventos, onde a população tem sido contra a arquitetura hostil, dizendo que utilizando esse conceito, a cidade fica contra a cidade, pois a maioria é feita em locais públicos, o que acaba excluindo determinadas pessoas ou simplesmente dificultando a prática de algumas ações, como protestos ou performances musicais.


Uso de espinhos sob beirais do telhado, que não desencorajaram os pássaros a criar seu ninho.
Arquitetura Hostil: No Brasil
No dia 02 de fevereiro de 2021, São Paulo amanheceu com inúmeras pedras sob um viaduto, com um único objetivo, evitar a presença de pessoas em situação de rua, mas um padre da região se indignou e começou a quebrar todas as pedras, alegando que aquilo era ”higienismo”, uma doutrina que ocorreu durante o período imperial, onde era criado maiores condições para a repressão dos pobres.
Após a repercussão da manchete, muitos políticos, pessoas públicas ou inconformadas, denominaram a atitude como arquitetura de exclusão ou design desagradável, tornando um tema muito criticado nas cidades brasileiras. Mas isto não começou a ocorrer em 2021, já existe um longo histórico de iniciativas deste tipo e com a mesma intenção, que é impedir a presença de moradores de rua.
Em 1994, o Folha de S.Paulo, fez uma reportagem intitulada Arquitetura antimendigo, onde registrava o aumento da construção de prédios sem marquises ou cercados por grades e a instalação de chuveiros para molhar o chão de possíveis locais que viriam a servir de abrigo para moradores de rua. Não é de hoje que este design considerado desagradável vem sido colocado em prática.


Meia esfera de aço montada na borda do meio-fio.
Arquitetura Hostil: Como surgiu?
Apesar de ser praticado a muitos anos, o termo arquitetura hostil foi criado em 2014, em uma matéria escrita pelo repórter Ben Quinn, para o jornal inglês The Guardian, o nome do artigo era Anti-homeless spikes are part of a wider phenomenon of ”hostile Architecture”, que traduzindo para o português, seria As pontas de ferro antidesabrigados são parte de um fenômeno amplo de ”arquitetura hostil”.
Os argumentos utilizados no artigo, eram de que quando o Estado, não consegue resolver seus problemas com os mais vulneráveis, tendem a querer excluí-lo do convívio do dia dia, tirando estas pessoas de vista, teríamos a ilusão de ter uma cidade organizada e sem falhas.
Sendo tema do documentário ”Arquitetura da Exclusão” (2010), onde é abordado muros invisíveis e visíveis que separam pessoas nos centros urbanos. No livro ”Unpleasant Design”, que traduzindo para o português seria Design desagradável, os autores discutem sobre este conceito presente em estruturas feitas para impedir a presença de determinados públicos ou condutas em áreas públicas ou privadas.


Estacas de metal com moldura quadrada projetadas para parar skates e patins.
Perguntas frequentes
Qual o nome da arquitetura que tende a excluir as pessoas dos centros urbanos?
O nome da arquitetura que tende a excluir as pessoas dos centros urbanos é a arquitetura hostil.
O que as cidades mais precisam?
O que as cidades mais precisam é de moradia, emprego, segurança e acessibilidade, com todos estes fatores, as populações conseguem se alimentar e progredir, ocasionando o crescimento de uma cidade.
O que é arquitetura defensiva?
Uma arquitetura defensiva é um local urbano, onde foram implantadas peças pontiagudas como estacas para restringir o acesso de determinadas pessoas, como moradores de rua.
O que é arquitetura excludente?
A arquitetura excludente é qualquer tipo de arquitetura que tem como objetivo excluir algum tipo de pessoa, como moradores de rua, skatistas, artistas urbanos, protestantes ou simplesmente pombos.
O que torna uma cidade urbana?
O que torna uma cidade urbana é rede de iluminação, calçadas, edificações contínuas, serviços públicos de educação e saúde, estes são um dos principais requisitos para se considerar uma cidade urbana. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) qualquer município ou distrito é considerado uma zona urbana.
Porque a cidade é de todos?
A cidade é de todos, pois mesmo sendo mínimo, todos pagamos impostos, o que nos dá o direito de sermos cidadãos de uma cidade.
O que é o direito à cidade no ordenamento jurídico nacional?
O direito à cidade no ordenamento jurídico nacional é o direito que todos os habitantes de uma cidade devem ter acesso, como residir em um lugar democrático e participativo, tendo melhores condições de trabalho, lazer, transporte, bons serviços públicos e educação.
Qual a lei e diretrizes do urbanismo?
A lei do urbanismo é a Lei N. 10,257, DE 10 DE JULHO DE 2001, onde no artigo 182 e 183 é estabelecido diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.


Sou Leandro Amaral, técnico eletrotécnico desde 2011, professor de cursos online desde 2013 e arquiteto desde 2016. Assim como apresentar projetos de qualidade mudou a minha vida, acredito realmente que pode mudar outras e desse modo quero compartilhar isso com o maior número de pessoas possível. Ensino meus alunos a despertarem seu potencial máximo na arte chamada Arquitetura. Junte-se a nós. CAU (Registro no Conselho de Arquitetura e Urbanismo): A117921-7.
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