Neuroarquitetura: Neurociência aplicada a Arquitetura

Muitas empresas estão adotando a Neuroarquitetura em seus escritórios, porque ela pode aumentar a integração, colaboração e produtividade dos funcionários. Se você é um decorador, designer de interiores ou arquiteto, pode oferecer aos seus clientes esse olhar diferenciado para projetos futuros.

Este conteúdo apresenta o conceito de neuroarquitetura, seus benefícios e as várias maneiras em que ela pode influenciar na criação de um ambiente.

O que significa neuroarquitetura?

A Neuroarquitetura é uma ciência que investiga o impacto do ambiente nas pessoas. A composição dos espaços é capaz de influenciar diretamente a rotina das pessoas, motivando ou desestimulando sua presença no local.

A aplicação da Neuroarquitetura pode criar ambientes inteligentes que afetam positivamente o comportamento das pessoas por meio da combinação de materiais, texturas, cores, iluminação, sons, plantas, entre outros fatores, proporcionando maior facilidade de concentração, motivação, relaxamento e assim por diante.

De fato, a relação entre neurociência e arquitetura é tão importante que levou à criação de um órgão dedicado a validar as descobertas científicas da Neuroarquitetura, a ANFA – Academia de Neurociência para Arquitetura. Há muito a ser debatido sobre a Neuroarquitetura, pois ela segue por caminhos cada vez mais complexos de discussão.

Como iniciou a neuroarquitetura?

Fred Gage, neurocientista, e John Paul Eberhard, arquiteto, realizaram pesquisas que demonstraram a influência dos ambientes na cognição e sensações do cérebro humano, levando à criação do termo “neuroarquitetura”. Essas mudanças no ambiente podem modificar o comportamento humano.

Em 2003, o termo “neuroarquitetura” foi oficialmente adotado com a criação da ANFA – Academy of Neuroscience for Architecture (Academia de Neurociência para Arquitetura) em San Diego, Califórnia.

Livros e cursos de Neuroarquitetura

Com o decorrer dos anos, surgiram inúmeras obras e livros sobre neuroarquitetura. Um exemplo é o livro “Neuroeducação: Só é possível aprender aquilo que se ama”, escrito por Francisco Mora e publicado em 2010. Nessa obra, com base em dados científicos, Mora explora como o cérebro interage com o ambiente ao redor durante o processo de aprendizagem.

O autor explica, por exemplo, que ensinar os estudantes em salas de aula espaçosas, com grandes janelas e luz natural, resulta em melhor desempenho do que o ensino em salas apertadas e mal iluminadas. Além disso, há muitas instituições acadêmicas que oferecem cursos profissionalizantes, incluindo pós-graduação, sobre neuroarquitetura.

Formas de aplicar a neuroarquitetura

Podemos perceber que a aplicação da neuroarquitetura pode aprimorar a qualidade de vida das pessoas em residências, apartamentos, escolas, hospitais, locais de trabalho e outras instalações.

Os profissionais devem entender o ser humano como o primeiro passo fundamental. Atualmente, muitos se concentram no ambiente e consideram apenas sua funcionalidade e aspecto estético. Entretanto, é importante compreender a neurociência e as necessidades primitivas do organismo humano que o ambiente ajuda a suprir.

Nos últimos anos, muitas empresas têm se mostrado interessadas em aprimorar a performance de seus funcionários por meio da adoção dos conceitos da neuroarquitetura em seus escritórios. Abaixo, compartilharemos algumas maneiras pelas quais a neuroarquitetura pode ser incorporada em projetos corporativos.

Ambientes de descontração

Diversos projetos corporativos aderiram à neuroarquitetura nos últimos anos, o que resultou na construção de ambientes de descompressão. Esses espaços têm influência direta no comportamento dos colaboradores, que se sentem mais descontraídos e enxergam a empresa de maneira mais positiva, aumentando o engajamento e a sensação de pertencimento.

Uso de plantas na decoração

O uso de plantas na decoração é um dos pilares da neuroarquitetura, pois estimula o relaxamento e o bem-estar, além de aproximar as pessoas da natureza. Estudos mostram que a exposição a paisagens naturais pode acelerar a recuperação e reduzir a dor. Por outro lado, a ausência de natureza prejudica a saúde mental, levando ao estresse e agressividade.

Ambientes com iluminação natural

A luz natural também é essencial, pois ajuda a regular as atividades internas e contribui para a produção de serotonina, que é associada à sensação de felicidade e bem-estar. A falta dessa luz pode afetar a produção de vitamina D, o que prejudica a imunidade e a saúde dos ossos e músculos.

A iluminação é um aspecto importante da neuroarquitetura, pois pode afetar a qualidade do sono, a atenção, o humor e a produtividade das pessoas.

Ela também traz benefícios para o ciclo fisiológico e psicológico das pessoas e ajuda a economizar energia elétrica.

A cidade tem um papel fundamental em estimular hábitos saudáveis e proporcionar luz natural. Além disso, é necessário considerar a importância de controlar os níveis de estresse crônico, pois ele pode ser um grande inimigo da saúde cerebral. A poluição sonora e luminosa são problemas reais, afetando a saúde e o bem-estar de pessoas e animais. A luz branca excessiva pode perturbar o ciclo do relógio biológico, enquanto a poluição sonora pode aumentar os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.

Portanto, é essencial que a cidade forneça iluminação que não afete o relógio biológico das pessoas e promova a redução da poluição sonora. É necessário que o ambiente proporcione sensações coerentes e mensagens claras para ajudar a controlar os níveis de estresse e processar as informações do ambiente.

O pertencimento também é importante para equilibrar o funcionamento do organismo humano, e as cidades devem ter espaços para convívio social.

Uso de tons neutros

Os tons neutros são recomendados para o ambiente corporativo, já que as cores podem intensificar emoções e ações nas pessoas. Para delimitar áreas específicas, pode-se usar a neuroarquitetura e o círculo cromático.

Sensações que as cores causam

As cores podem ter um impacto significativo no ambiente e nas pessoas que o frequentam.

  • O amarelo é uma cor alegre e criativa, mas seu uso em excesso pode aumentar a ansiedade;
  • O vermelho está associado à pulsação e agilidade, mas o seu uso excessivo pode levar à impaciência e irritação;
  • O azul traz calma, harmonia e estabilidade, além de ser uma cor comum em empresas de tecnologia;
  • O branco traz paz e remete à sabedoria, mas seu uso excessivo pode gerar uma sensação de vazio e tensão, uma vez que é frequentemente utilizado em hospitais e salas de saúde.

Uso de uma acústica boa no ambiente

A neuroarquitetura leva em consideração a acústica do ambiente projetado, uma vez que o nível de ruído pode afetar diretamente a concentração e o humor das pessoas.

É importante destacar que, no Brasil, não há uma norma específica de acústica para escritórios, mas utiliza-se como base a Norma Brasileira 10152, que define os níveis de conforto acústico interno em edificações de acordo com o uso. Para escritórios coletivos, recepções e salas de espera, os níveis podem variar entre 45 dB e 50 dB, já que níveis acima desses valores podem levar a alterações de humor e irritabilidade.

Benefícios da Neuroarquitetura no longo prazo

Os ambientes em que passamos mais tempo têm um impacto duradouro e significativo em nossas vidas. A cidade, que é a nossa casa, é um exemplo de um ambiente que pode afetar nosso cérebro de forma plástica, alterando sua estrutura.

A neuroarquitetura pode ajudar a criar ambientes que promovam o bem-estar das pessoas, como espaços que estimulam a criatividade, a produtividade e a interação social.

Os principais benefícios da neuroarquitetura incluem a melhoria da saúde e do bem-estar das pessoas, o aumento da produtividade, a redução do estresse e da ansiedade, e a promoção da interação social.

Estudos mostram que ambientes planejados têm o potencial de estimular o cérebro a criar mais conexões entre neurônios, o que leva a uma melhora na cognição e no raciocínio. Por outro lado, ambientes não planejados enfraquecem o cérebro e podem levar à perda de conexões.

Essa plasticidade cerebral é particularmente importante quando se trata de envelhecimento, pois ter um cérebro estimulado e fortalecido pode diminuir a rapidez do declínio cognitivo. Alguns cientistas observam que ter uma reserva cognitiva, criada pela combinação de hábitos saudáveis e ambientes planejados, pode aumentar a resistência cerebral a doenças como Alzheimer.

Portanto, é importante que nossas cidades sejam ambientes planejados, que estimulem as pessoas a saírem de casa e explorarem espaços. As pessoas precisam ser desafiadas a se movimentarem e interagirem com outras pessoas, pois isso estimula a plasticidade cerebral.

No entanto, é importante que esses ambientes não sejam caóticos, com excesso de informações visuais e sonoras. É preciso haver um equilíbrio e organização para que os benefícios da estimulação cerebral sejam maximizados.

Perguntas Frequentes

Como a neuroarquitetura pode ajudar a melhorar a qualidade do sono?

A neuroarquitetura pode ajudar a criar ambientes que promovam o sono saudável, como reduzir a exposição à luz artificial à noite, proporcionar um ambiente silencioso e confortável, e escolher as cores e materiais adequados.

Quais são os principais desafios da neuroarquitetura?

Um dos principais desafios da neuroarquitetura é que ainda há muito a ser descoberto sobre como o cérebro e o ambiente construído interagem, e muitas pesquisas ainda precisam ser realizadas.

Como a neuroarquitetura pode ajudar a melhorar a saúde mental?

A neuroarquitetura pode ajudar a melhorar a saúde mental das pessoas, criando ambientes que promovam a redução do estresse e da ansiedade, a melhoria do humor e a promoção da interação social.

Quais são as principais diferenças entre a neuroarquitetura e a arquitetura convencional?

A neuroarquitetura leva em consideração a forma como o cérebro e o comportamento das pessoas são afetados pelo ambiente construído, enquanto a arquitetura convencional geralmente não considera esses aspectos.

Como a neuroarquitetura pode ser aplicada em ambientes de trabalho?

A neuroarquitetura pode ser aplicada em ambientes de trabalho para melhorar a produtividade e o bem-estar dos funcionários, criando espaços que promovam a colaboração, a criatividade e a interação social.

Como a neuroarquitetura pode ajudar a melhorar a educação?

A neuroarquitetura pode ajudar a melhorar a educação criando ambientes que promovam a aprendizagem, como salas de aula que estimulem a atenção, a concentração e a criatividade.

Conclusão

Chegamos à conclusão de que a neuroarquitetura analisa como o ambiente construído pode afetar nossa saúde e bem-estar. Quando aplicada, tem a habilidade de ajudar na criação de projetos estratégicos que têm um impacto positivo no comportamento das pessoas.